sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Da saudade da rebeldia

E sinto falta daquilo que nunca tive. Sou filha (e neta) dos que fizeram a revolução. Agora, cá estou eu, querendo gritar para mudar o mundo. Mudar o que? Mudar pra quem? Mudar pra que?

"Depois de 20 anos na escola
Não é difícil aprender
Todas as manhas do seu jogo sujo
Não é assim que tem que ser
Vamos fazer nosso dever de casa
E aí então, vocês vão ver
Suas crianças derrubando reis
Fazer comédia no cinema com as suas leeeis
Somos os filhos da revolução
Somos foguetes sem religião
Nós somos o futuro da nação
Geração Coca-Cola"

Quantas vezes cantei com amor e com vontade essa música? Mas e aí? Vamos fazer a revolução do que? Derrubar QUAIS reis? Quem somos nós?
A geração coca-cola é uma geração que desconhece conteúdo. Vive das formas, do estético, da arte pela arte.
Onde queremos chegar com essa babozeira de que queremos chegar em algum lugar?
Mal sabemos quem somos, e queremos, em real, voltar para a ditadura, onde existia um inimigo de verdade a espreita, onde ser comunista era ser herói, onde poderíamos morrer por uma causa. Mas por que causa gritaremos agora?
Não à fome. Pff... então, porque insistimos em em jogar comida fora todos os dias?
Não à repressão. Então porque não paramos de ler a Veja e assistir ao Jornal Nacional?
Não à alienação. Então porque não começamos explicando pro cara que não passou no vestibular que universidade pública não foi feita para o público, e que o que produzimos lá dentro não foi feito para todos.

Acho que estou cansada de ser uma rebelde sem causa. Não que eu queira que pessoas voltem a morrer todos os dias porque lutam pela democracia.
E aliás, porra, cade essa tal de democracia? Desde 1964 que ouvimos rebeldes vermelhos pedirem, clamarem por ela. Vimos "Diretas Já", conseguimos o voto universal DE VERDADE. Mas e aí? Ainda procuro por essa tal de democracia.

E nem venha me dizer que democracia é escolher entre Globo e Record, McDonald's e Burger King, Serra e Lula. Ah, nem me venha com essa...

(e quantas bandas teram que passar, falando coisas de amor, praquele gente esquecida esquecer-se da dor?)

3 comentários:

Tatiane Ribeiro disse...

Texto mais confuso do mundo...

Bruna Escaleira disse...

confuso como a gente.
é, rebeldes de causas perdidas, embaralhadas, camufladas, confusas!

(lembrei da canturia no caminho pro síto! ;)

Vandson disse...

O mais triste de tudo isso (esse assunto esteve em pauta dentro do carro, não?!) é pensar que nem para ser feliz com as conquistas alheias a gente serve.
Na verdade, somos todos egocêntricos e queremos nossas próprias lutas. Para contar aos filhos que, insatisfeitos, inventarão sua revolução particular, para mostrar-lhe aos netos...
Faça o seu pedido, senhorita. Fritas acompanham?

"Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma. (...)
E começa a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas."