terça-feira, 9 de outubro de 2007

O Gol de Ouro...

Acordou cedo. Sabia que não conseguiria mais dormir, afinal, era um dos dias mais importantes da sua vida.

Levantou e, enquanto pensava no que fazer para se distrair até a hora de se arrumar, lembrou-se que havia deixado seu meião na casa do Caio. Droga.

Resolveu, então, conferir se todas as suas coisas estavam na mala, pra não ter imprevistos. Camisa - ok
Calção - ok
Cueca - pk
Chuteira - ok "Nossa... ainda lembro quando essa era a chuteira mais cobiçada. A mais cara. E eu nunca poderia comprar. Tinha só a metade do dinheiro. Aí o Caio foi lá, 'roubou' meu dinheiro, completou e comprou pra mim. Nunca vou esquecer o que ele me disse: 'cara, vc merece e sabe disso. Se eu jogasse tão bem quanto você.... também merecia uma!' Pff... deixa de bobagem agora! Vai ficar pensando naquele c..... agora? Ele que começou a briga e..."
Toalha - ok
Pente - ok
Meião - ok "Mesmo sendo o que eu não gosto, né?"
Caneleira - ok
"Porra... essa caneleira tem história... quantos jogos no terreno baldio do lado da casa do Caio... Até que ele é bom goleiro, tenho que confessar. Pega todas. Pega mesmo, mas só as bolas. Porque quando a gente saia, se eu não empurrasse ele pra cima das meninas, ele ficava só olhando a noite inteira. Engraçado como ele é tímido com as meninas, mas super gente fina com a galera e... pq eu continuo pensando nele?"

Foi tomar café, se arrumou, colocou a mala no carro. Aquele seria, com certeza, o dia mais importante da sua vida.

Ao entrar em campo, olhou instintivamente para o camarote. Tinha direito a 07 lugares. Reservou 04. Sua mãe, seu pai, sua irmãzinha e... e o seu melhor amigo. Mas ele não estava lá, apenas a sua família acenando carinhosamente. Não conseguiu disfarçar sua decepção, mas acenou mesmo assim.

Apesar de toda a vontade de jogar, ele parecia meio fora do jogo. Sem estímulo, sem gás... Ficava lembrando de cenas de sua infância, de tudo que vivera até ali, de como começara a jogar..
"Fábio, você joga muito. E não é porque eu sou seu amigo ou porque nunca pego os seus gols, mas você sabe disso. Se inscreve num time!"

"Você joga muito!"
Olhou para o lado e viu o meia adversário tentando atacar. Já estava quase no fim do jogo. Foi pra cima. Numa jogada limpa e bonita, tomou a bola do adversário e saiu em direção ao gol. Olhou e, numa fração de segundos consegiu analisar: "tudo bem, o Ronaldo tá com dois em cima dele, o Bruno num tá muito marcado mais tá quase em impedimento. Sou eu ou ninguém!"
Correu, driblou o primeiro, deu um elástico no segundo, ajeitou com carinho e chutou com categoria.

"Você joga muito!"

GOOOOOOOL!

Apito final. Seu time era campeão. A torcida, mesmo não sendo tão grande, agitava o estádio. Seus companheiros o abraçavam...
"Gol de meia é gol de ouro!", ouviu seu técnico gritar, mas ele podia jurar que já tinha ouvido o Caio dizer isso. Olhou novamente lá pra cima... Só sua mãe lhe mandando beijos e o pai chorando. Ouviu algém lhe chamar:
"Eu sou olheiro do São Paulo. Bom, você já tem 18, né? Ah, então nem precisa ir pra base, pode ficar já no banco do principal. Que que você acha?"
"Ahan, claro... bom... ahn... depois conversamos melhor..."

Não conseguiu comemorar. Apesar da torcida toda, faltava um grito apenas, e ele só ouvia silêncio....

4 comentários:

Iana disse...

Vou com pompons e tudo. Não devo ficar muito bem de saia plisada, mas visto só pela piada. E a senhora trate de jogar com raça. Cuide-se, Tati. E lembre-se da ula-ula estelar! ;)

Vandson disse...

Pq será que essa história (muito bem escrita, diga-se) me lembrou o ....Richarlyson?!?!?!?!?
ahauaHuaHAUAuAhUAHaUahUAHAUahUAhUa

Tatiane Ribeiro disse...

Iana: brigada. você já fez isso... e nem precisou de pompons ou saia plisada... ;)


Vandson: vsf! não afemine meu personagem, porra! ahuahauahaua
PALHAÇADA! Eu escrevo mó história triste pra vir um bobão e estragar com tudo...

Vandson disse...

Hey, calma benhê, não precisa ficar nervoooooooooooosa, gzzzzente!
Achei essa história um luxo, M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-A!
Adoro atletas malhados! Ui!

Ass: Richarlyson

"Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma. (...)
E começa a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas."