quarta-feira, 4 de abril de 2007

Que que é isso, minha gente?

Lendo muitos textos por aí, percebi o quanto é fácil colocar meia dúzia de palavras bonitas alinhadas e causar, pelo menos por alguns instantes, uma boa impressão e até um suspiro do leitor: 'nossa, como tal pessoa escreve bem!'
Mas se você realmente pensar sobre aquilo que acabou de ler vai perceber que não leu absolutamente nada. É apenas um texto primário com palavras bem colocadas.
E aí?! Qual a grande diferença entre o texto de um dito escritor que não diz absolutamente nada e um texto infantil? A diferença, acho eu, que seja que pelo menos o texto de uma criança TENTA dizer alguma coisa, mesmo que incompreensível sem a 'tradução' do autor "aqui eu quis dizer isso...". Enquanto isso, nos outros textos citados aqui por essa leitora quase atenta, nada tenta te convencer. Às vezes chego a conclusão de que o autor se diverte pensando quantas pessoas leram aquilo que eles não escreveram e acharam simplesmente brilhante. Eu me divertiria.
Mas uma coisa é escrever nada num blog, num diário, numa carta pessoal, no perfil do orkut. Outra coisa é escrever nada em jornais, principalmente naqueles considerados 'intelectuais', onde seus escritores, ditos jornalistas, ditos qualquer coisa que não são, falam falam e falam, mas não tentam, e não querem, dizer nada.
Nos jornais populares a coisa fica talvez um pouco menos 'ridícula', porque pelo menos não se usam palavras bonitas. Fica no populacho mesmo. Informações sem fundamento, notícias sem a menor relevância. Tudo banhado a muito sangue, violência, sensacionalismo, falta de compromisso com a verdade.
Onde iremos parar? Que jornalismo é esse que estamos fazendo?
Ainda não sou jornalista. Na verdade, estou bem longe disso, mas não é necessário fazer faculdade para saber que o jornalista tem um compromisso muito maior com a verdade do que com seus anseios capitalistas ou seu editor, que, aliás, também é jornalista e, por justaposição, também tem compromisso com a verdade.
Não estou tentando discutir imparcialidade. Não existe jornalismo imparcial. Seria ingenuidade demais. A parcialidade faz parte da natureza humana.
Mas quero saber onde ficou a verdade, o compromisso, o 'mudar o mundo com as palavras'... Será que ficou guardado em alguma gaveta empoeirada da escrivaninha?
Ou talvez tenha ficado perdido no discurso insano de um estudante de jornalismo que anseia por tudo... anseia por um mundo melhor, onde as pessoas sabem o que acontece e reagem aos abusos do mundo...
Talvez seja eu a torta (a gauche) em meio a tanta 'verdade'...
Mas ando confiando mais nas verdades saídas da boca do povo, porque talvez esse sim tenha compromisso com essa tal verdade, não por profissionalismo, mas por caráter....
"Mas quando alguém te disser ta errado ou erradaQue não vai S na cebola e não vai S em felizQue o X pode ter som de Z e o CH pode ter som de XAcredito que errado é aquele que fala correto e não vive o que diz" T.M.

Um comentário:

Anônimo disse...

E mais uma vez você tem absoluta razão!
Acho que você sabe que também quero ser jornalista, mas toda vez que me obrigo a ler esses jornalecos "Inhos" e "ÃOS" ,paro, penso , respiro fundo e me faço a mesma pergunta :
- Onde vamos parar?

Parece que esse espírito de realmente fazer jornalismo ( não digo o curso, mas a verdadeira função de informar, levar a verdade ao conhecimento público...)acaba já nos primeiros anos de faculdade, quando realmente percebemos que, a responsabilidade, o compromisso com a verdade, o "querer mudar o mundo" e, principalmente, a honestidade, não têm vez nesse país.

Se eu realmente me tornar jornalista, me proponho a fazer juz aos juramentos de "imparcialidade" feitos durante a faculdade, e realmente informar sem deixar que qualquer outra coisa interfira no meu trabalho ( isso é claro, se eu ganhar fortunas em algum jornaleco "ÃO", me deliciar com viajens para lugares inusitados, fazer uso da minha imagem para conseguir favores, desfrutar da fama...entre outros...)

Hahaha... é rir para não chorar, companheira!
Um beijo pra vc!

"Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma. (...)
E começa a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas."