terça-feira, 8 de maio de 2007

O olhar

Por que nos tornamos tão obsessivos pelo olhar do outro?
Ontem, me peguei me perguntando isso enquanto assistia à aula de Linguagem. Sim... somos viciados no olhar do outro, no que os outros pensarão ou pensariam, no que eles acharão. Moldamos nosso eu de acordo com o que o mundo a nossa volta nos dita, mesmo que finjamos ser tão originais e anti-regras.
Ou será que sou eu?
Será que sou eu que não consigo viver sem pensar 'será que me aceitaram como eu sou', fingindo não saber que, de alguma forma, o que eu sou é, de alguma forma, o que querem que eu seja.
Analisando o mundo, acho que não estou sozinha nessa. Mas ninguém tem coragem de levantar o braço e dizer: 'sim, sou um moldado a cada dia!'
Por que? Simplesmente porque o que as pessoas diriam se eu dissesse que não sou original, que não existe, ou pelo menos não mostro, um 'eu' que nada tem a ver com o que quer que seja que não seja eu. Simples.
Então páro por alguns segundos. Me olho no espelho. Vejo alguém. Ainda vejo um quê de querer ser livre, mas não dá.
Quem consegue ser livre? Quem realmente faz o que quer? Se eu pudesse, largaria o emprego, passaria os dias vagando pela USP, fazendo absolutamente nada. Se eu pudesse, desistia de vez das aulas chatas, desistia de vez de arrumar o cabelo ou pintar as unhas.
Eu não posso.
Não posso não porque alguém vai gritar comigo ou me dizer que é errado. Esse é o menor dos problemas.
Não posso porque sei que assim sou aceita. Assim as pessoas gostam de mim.
Não posso porque adoro ter dinheiro pra comprar o que gosto.
Não posso porque isso não seria suficientemente satisfatório (nada é!).
Não posso porque ainda quero um diploma (ou será que quiseram pra mim?).
Não posso porque adoro ouvir um elogio quando mudo o penteado (e lá vem o olhar do outro!).
Não posso porque quero me sentir mais feminina (me disseram que é feio uma 'mocinha' andar toda desleixada!)
E, no fim das contas...
Não posso porque a Mayra me contou que eu sempre vou viver buscando que me aprovem!
(E alguém pode me dizer quem foi o filho da p... que inventou esse tal de superego?)

2 comentários:

Lia Lupilo disse...

tati,
acho que foi o maldito freud quem inventou (ou descobriu?) esse negócio de superego...

é bom ter dinheiro pra comprar o que queremos
é bom ser aceito
mas sou afavor de você se sentir confortável em tudo o que faz..
eu não vou, sei lá, alisar o cabelo para ser melhor aceita (por exemplo em uma balada) se eu não quero. se puxa, dói, dá trabalho...
se eu estou com preguiça de pintar as unhas eu não vou pintar
e quem é pra gostar de mim vai gostar mesmo assim!
tá, eu sei, é irreal o que digo. talvez se eu tivesse a aparência de um monstro ninguém ao menos se interessaria em me conhecer.
mas a verdade é que é bom vc não se sentir um monstro..
não o tempo todo.(rs)

uma vez um professor meu disse o seguinte (ele tem uma história de vida bacana...quase morreu por causa de um câncer, mas um transplante de rim da mulher o salvou): na vida a gente têm que fazer o que deve ser feito. não o que queremos fazer.

acho que isso dá um direção uma razaão..

e agora você me pergunta: mas quem diz o que deve ser feito?
aí é de cada um. o que você acha que deve ser feito, tati? porque não tentamos olhar o mundo como uma casa enorme?

,-***

Tatiane Ribeiro disse...

Lia...

Com ctz, se eu tiver com preguiça, n farei as unhas. OU n alisarei meu cabelo (msm sendo minha distração favorita!)

Mas e o olhar?

Continuo buscando o olhar... mas os olhos fogem...

"Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma. (...)
E começa a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas."